quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Castelos

Uma risada
e uma lágrima
não são iguais
porque
um coração
é uma risada
batendo feliz
e a lágrima
é a tristeza
da dor
do coração
que está infeliz

Thales Maskalenka, 7 anos




Nós construímos castelos pela vida fora. Com altas torres, passarelas e passagens internas, grandes ou modestos. Não importa se são de areia, se os construímos nas nuvens ou se são erigidos com as pedras que encontramos no caminho, à boa maneira de Fernando Pessoa. O problema é que a maior parte das vezes deixamos os sonhos do lado de fora. Esquecidos algures. Ou em nenhures.
As crianças também constroem castelos. De areia, na praia. Sabem bem que o mar nunca os deixará intactos. Mas insistem. E quando as ondas vêm e levam num ápice tudo o que levaram meio dia a construir, primeiro elas hesitam, podem até fazer beicinho, mas depois batem palmas, riem e recomeçam. E nós, o que fazemos?
Quando os nossos castelos caem por terra, nós choramos, gritamos, desesperamos e esperneamos. Somos as pessoas mais infelizes do mundo. Não percebemos que tudo o que temos de fazer é mesmo recomeçar. Não interessa perder muito tempo a analisar porque ruiu. Se era demasiado frágil para resistir às ondas, se os sonhos ficaram do lado de fora e nós não fomos capazes de suster a derrocada ou se demos demasiado poder a alguém para desmoronar a nossa vida assim, dum momento para o outro. Não importa. Interessa sim, é saber que o próximo castelo tem de ser mais forte, resistente às ondas e abalos, mas suficientemente arejado para que o vento passe por ele, e os sonhos venham e vão, à mercê do nosso viver.

Sem comentários: